"Ubi ergo Petrus, ibi ecclesia; ubi ecclesia, ibi nulla mors, sed vita eterna".
“Onde está Pedro, aí está a Igreja; onde está a Igreja aí não há morte, mas a vida eterna”.
Santo Ambrósio, Enarrationes in XII Psalmos davidicos; PL 14, 1082

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

CAMPANHA PELA PUBLICAÇÃO DO LIVRO DE BENTO XVI "INTRODUÇÃO AO ESPÍRITO DA LITURGIA" NO BRASIL

UMA DAS OBRAS FUNDAMENTAIS PARA COMPREENDER ESTE NOVO MOVIMENTO LITÚRGICO ESTIMULADO POR BENTO XVI QUE ESTÁ SURGINDO NA IGREJA É A SUA OBRA: "INTRODUÇÃO AO ESPÍRITO DA LITURGIA", A QUAL AS PAULINAS DE PORTUGAL VÃO CHAMAR “UMA DAS OBRAS MAIS INTERESSANTES DE TODA A PRODUÇÃO RELIGIOSA DOS ÚLTIMOS ANOS”.

ESCREVAMOS PARA AS EDIÇÕES PAULINAS QUE JÁ O PUBLICARAM EM PORTUGAL PEDINDO QUE O PUBLIQUEM TAMBÉM NO BRASIL.

CLICK AQUI E MANDE UMA MENSAGEM ÀS EDIÇÕES PAULINAS DO BRASIL COM ESTA SOLICITAÇÃO

Veja um trecho da obra:

"Há círculos com bastante influência que tentam dissuadir-nos de nos ajoelhar. A argumentação é a de esse ato não condizer com a nossa cultura (aliás, com qual?), de não ser adequado para uma pessoa reta e emancipada que encara Deus, ou então de não ser apropriado para uma pessoa que tenha sido salva e que, através de Cristo, se tornou uma pessoa livre, não necessitando, conseqüentemente, de ajoelhar-se.

A origem da genuflexão não se encontra numa cultura qualquer – ela é proveniente da Bíblia e do seu conhecimento de Deus. Na Bíblia, o significado central da posição de joelhos pode observar-se pelo fato de a palavra proskynein surgir 59 vezes só no Novo Testamento, das quais 24 no Apocalipse – o livro da liturgia celeste, que é apresentada à Igreja como padrão da Liturgia.

A posição de joelhos é absurda enquanto mera exterioridade, mero ato físico, mas se alguém tentar reduzir a adoração ao âmbito espiritual, sem a personificar, o ato da adoração apaga-se; porque, na realidade, o espiritual por si só não corresponde à natureza do ser humano. A adoração é um dos atos fundamentais que dizem respeito ao homem inteiro. Conseqüentemente, dobrar os joelhos perante a presença de Deus vivo é irrenunciável.

Para os Hebreus, os joelhos eram símbolo de força; por conseguinte, a genuflexão significa rebaixar a nossa força perante Deus vivo e reconhecer que tudo o que somo e temos promana dele.

A liturgia cristã é liturgia cósmica, precisamente porque se ajoelha perante o Senhor crucificado e elevado. Este é o centro da “cultura” verdadeira – da cultura da verdade. O gesto humilde com que caímos aos pés de Jesus, insere-nos na verdadeira órbita do Universo.

Muito se podia ainda acrescentar. Por exemplo, a comovente narração da história da Igreja de Eusébio de Cesaréia – relatada como uma tradição que reconduz a «Hegesipo» (século lI) e que narra sobre Tiago, o «Irmão do Senhor», que foi o primeiro Bispo de Jerusalém - «chefe» da Igreja judaico-cristã e que, segundo consta, adquiriu uma espécie de pele de camelo nos joelhos, por sempre ter estado de joelhos a adorar Deus e a pedir perdão pelo seu povo (1123, 6). Ou a narração das Sentenças dos Padres do Deserto sobre o Diabo, que foi obrigado por Deus a apresentar-se a um Abade chamado ApoIo - o diabo era preto, repugnante, tinha extremidades terrivelmente magras e, acima de tudo, não tinha joelhos. A incapacidade de se ajoelhar surge aqui como autêntica natureza do diabólico.

Mas não quero entrar em pormenores. Apenas gostaria de acrescentar mais uma observação: a expressão utilizada por Lucas para a posição de joelhos dos cristãos (theis ta gonata) é desconhecida no Grego clássico. Trata-se, portanto, de uma palavra especificamente cristã. O nosso círculo fecha-se com essa observação, chegando ao ponto de partida das nossas deliberações. É possível que a posição de joelhos se tenha tomado estranha à cultura moderna - na medida em que esta última se tenha afastado da Fé, não reconhecendo mais aquele perante o qual o gesto correto e intrínseco é - estar de joelhos. Quem aprende a ter Fé, também aprende a ajoelhar-se; uma Fé ou uma Liturgia que desconhecesse a genuflexão seria afetada num ponto central. Onde ela se perdeu, tem de ser reaprendida, para que a nossa oração permaneça na comunidade dos apóstolos, dos mártires, de todo o cosmos e em união com o próprio Jesus Cristo.

Quem participa da Eucaristia em Fé e em oração, deve sentir uma enorme comoção no momento em que o Senhor desce, transformando o pão e o vinho no seu corpo e no seu sangue. Perante esse acontecimento, não podemos fazer outra coisa senão saudá-lo de joelhos"
(Joseph Ratzinger, Introdução ao Espírito da Liturgia).